Fique atento a queixas como cefaleia, tontura, irritabilidade e problemas digestivos. Eles podem ser o alerta de que algo vai mal com sua audição. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 15 milhões de brasileiros sofrem alguma perda de audição. O que poderia ser um problema simples de ser resolvido, com tratamento medicamentoso, cirúrgico ou uso de aparelhos muitas vezes imperceptíveis graças à evolução tecnológica, ganha contornos preocupantes, conforme esclarece a Sociedade Brasileira de Otologia (SBO), uma vez que apenas 40% dos afetados reconhecem a doença.
A falta de informação e o preconceito fazem com que a maioria dos problemas se agrave até as pessoas tomarem uma providência. Reduzir esta demora para buscar ajuda é uma luta diária travada por profissionais ligados a entidades de otologia e otorrinolaringologia. Embora a perda de audição possa acontecer em qualquer fase da vida, é na terceira idade que ela se torna mais frequente, isso porque ocorre a chamada presbiacusia, caracterizada pelo envelhecimento natural do ouvido, que muitas vezes se une a outras alterações degenerativas do organismo.
O problema afeta cerca de 70% dos idosos (pelo menos 10 milhões de pessoas no Brasil), ou seja, é uma questão de saúde pública. É bem verdade que também pode ocorrer em função de outros fatores, tais como a exposição a ruídos, diabetes, uso de medicação tóxica para os ouvidos ou herança genética.
Desagregação social
Acima dos 65 anos de idade a surdez se torna fator de desagregação social, segundo Sady Selaimen da Costa, otorrinolaringologista. “De todas as privações sensoriais, a perda auditiva é a que produz efeito mais devastador no processo de comunicação do idoso, sem contar que muitas vezes a deficiência auditiva pode ser acompanhada de um zumbido que compromete ainda mais o bem-estar daquele indivíduo”, diz.
Remédios causam lesões
Outro alerta dado por especialistas diz respeito ao risco da automedicação. As substâncias conhecidas como ototóxi-cas podem causar lesões graves e, muitas vezes, irreversíveis à cóclea, a parte do ouvido humano responsável pela audição. O médico Vagner Antonio Rodrigues da Silva, responsável pelo Serviço de Otologia da Santa Casa e da Clínica Heitor Guimarães, de Rio Preto, explica que “ter uma vida saudável é fundamental, evitar o uso de cigarro, consumo excessivo de álcool, ingestão de gorduras saturadas e excesso de açúcar, pois todos eles fazem mal ao ouvido diretamente, prejudicando a microcirculação ou causando lesões dentro da cóclea”, diz.
Silva diz ainda que o uso de medicamentos pode causar lesões na estrutura interna do ouvido, gerando perda de audição (como no caso de alguns antibióticos) ou atuar nos vasos que nutrem a cóclea, levando a uma isquemia (perda da irrigação sanguínea) do órgão, no caso dos anti-inflamatórios. A perda auditiva se instala de maneira traiçoeira. “Os familiares dos pacientes são os que mais percebem as mudanças em atividades diárias, principalmente quando assistem à televisão. O paciente costuma colocar em um volume agradável para ele, mas que incomoda as outras pessoas que estão na sala. Outra queixa comum é o volume da voz do paciente com surdez, que, normalmente, é mais alto. Um dos primeiros sintomas de perda auditiva é o zumbido”, diz. O zumbido pode acontecer ao mesmo tempo nos dois ouvidos, em menor ou maior intensidade, ou em apenas um de cada vez.
Livro fala de recuperação
O mais importante é pensar que a perda auditiva pode ser revertida ou minimizada, hoje, não apenas por meio de cirurgias como as de implante coclear, mas também com o uso de aparelhos auditivos de ponta, que já permitem uma audição muito próxima da perfeita.
A gaúcha Paula Pfeiffer, autora do livro “Crônicas da surdez”, publicado pela Plexus Editora, observa em sua página em uma rede social que, “ao que tudo indica, o futuro dos que nascem sem ouvir será, sem sombra de dúvida, muito barulhento. Graças aos inegáveis avanços da tecnologia.” No blog que leva o mesmo nome da obra (www.cronicasdasurdez.com) Paula declara que “a surdez não é homogênea”. Daí porque decidiu enfrentar o desafio de desvendar, aceitar e entender a deficiência auditiva. Lá, ela explica que nem todo surdo é mudo ou usa necessariamente a Língua Brasileira de Sinais. “Existem diferentes graus e tipos de surdez e diversas formas de comunicação”, diz Paula.
O Ministério da Saúde alerta para o risco de 60 medicamentos que podem afetar a audição. Entre eles os anticoagulantes, diuréticos, anti-inflamatórios, entre outros. Também recomenda que as pessoas não se exponham ao ruído de forma súbita e muito intensa, pois, nestes casos, podem sofrer um trauma acústico e lesar as estruturas do ouvido. Sem falar que uma mudança transitória do limiar do som – passar de um volume a outro muito mais alto, de repente -, após um período de afastamento do ruído, pode ser prejudicial
:: Evite a automedicação: alguns antibióticos podem causar surdez profunda ou anacusia (surdez total) em pessoas que têm predisposição
:: Use proteção adequada em ambientes de trabalho que têm muito ruído
:: Evite uso exagerado de música com fones de ouvido, que podem ter o mesmo tipo de perda auditiva de pacientes que ficam expostos a ruídos de indústria metalúrgica
Fonte: Vagner Antonio Rodrigues da Silva, otorrinolaringologista, de Rio Preto
:: Dificuldade de compreensão de fala
:: Zumbido
:: Intolerância a sons intensos
Fonte: Sociedade Brasileira de Otologia e Diário Web (http://www.sbotologia.org.br/detalhe-noticia/195/automedicacao-pode-causar-surdez)
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