Você sabia que o diabetes pode prejudicar também nossa saúde ocular? O diabetes é uma doença sistêmica, ou seja, afeta várias áreas de nosso corpo. Quando não controlada, a doença atinge a retina, tecido no qual a luz é projetada, e que envia as imagens a serem formadas por nosso cérebro. Para falar mais sobre essa condição, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, por meio de seu programa “Brasil que Enxerga”, tratou desse tema em uma live esclarecedora em suas mídias sociais.
A retinopatia diabética é um problema de magnitude imensa. São 15 milhões de diabéticos no Brasil, sendo que 6 milhões têm a retinopatia diabética, complicação mais comum do diabetes e que pode levar à cegueira. Uma tragédia, caso não seja tratado de forma adequada.
De acordo com o Dr. Maurício Maia, Presidente da Sociedade de Retina e Vítreo, o grande problema é que metade dos seis milhões de pacientes com retinopatia diabética não sabe que são portadores da doença. “São assintomáticos, e quanto mais precoce é o tratamento, melhor o prognóstico para evitar a cegueira.” Dr. Caixeta reiterou que a prevenção é de grande importância para esses pacientes.
Segundo o Dr. João Eduardo Nunes, endocrinologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, “São em torno de 18 milhões de pessoas com diabetes no Brasil, perto de 10% da população, e talvez o número de pacientes com retinopatia seja ainda maior.” Ele ainda afirmou que a adesão ao tratamento de diabetes ainda é muito baixa. “Apenas quatro de cada grupo de 10 pacientes, que recebe prescrição de medicamento para o controle do diabetes, continuam tomando o medicamento após um ano. É muito comum o paciente parar o medicamento para diabetes, pois não sentem sintomas. Isso é perigoso, pois a retinopatia só ocorre quando a glicose está fora de controle por muito tempo”, comentou.
Para o Dr. Carlos Moreira, professor titular de Oftalmologia na Universidade Federal do Paraná, retinopatia diabética é silenciosa nos primeiros dez anos, mas após esse período, começam as complicações, que são muito maiores para quem não controla o diabetes. Um estudo mostrou que pacientes com diabetes bem controlados têm muito menos complicações como retinopatia, cegueira, pé diabético ou nefropatia diabética. “O segredo é controlar a doença diabetes”, afirma.
Para o Dr. Maurício Maia, é importante que as pessoas saibam como identificar se são portadoras de diabetes. “Se está se sentindo fraco, urinando durante a noite, tomando muita água e outros sintomas característicos, procure um médico”. Esses são os principais sintomas da doença, que também se relaciona com o histórico familiar. Deve-se sempre procurar um médico e estar atento aos sinais. Após o diagnóstico, de acordo com o especialista, o segundo passo é o controle. “Poucos controlam de forma adequada, o que leva à tragédia social que temos hoje, essa imensidão de pacientes com retinopatia diabética, que chegam até nós, oftalmologistas, em um estágio já avançado, em que não podemos reverter a cegueira”, enfatizou.
Controlar o diabetes envolve o acompanhamento constante com médicos, através de exames e testes, como por exemplo, o mapeamento de retina, ou exame de fundo de olho. De acordo com Beatriz Libonatti, muitos pacientes só sabem que devem fazer esse exame quando começam a sentir os primeiros sintomas de perda visual.
“Pacientes assintomáticos e com bom controle do diabetes devem procurar um oftalmologista a cada dois anos”, afirmou Dr. Maurício Maia. Para ele, muitos pacientes com o diabetes bem controlado também desenvolvem a retinopatia, por predisposição genética. Quanto mais tempo o diabetes se desenvolve, maiores são as chances de desenvolver a retinopatia. Com o diagnóstico correto, nos primeiros três anos, não se tem a retinopatia, mas a partir de cinco anos após o diagnóstico, já sobe para 10% os pacientes com retinopatia. Após 30 anos com a doença, 90% terão algum grau de retinopatia. “Quando o acompanhamento é constante e o tratamento é precoce, é mais simples: fazemos laser ou injeção de medicamentos na intraocular. Não é necessário cirurgia. Já pacientes com o diabetes sem controle e com a retinopatia avançada têm o fundo do olho muito comprometido pela doença, tornando qualquer tratamento muito mais difícil, muitas vezes sem possibilidade de reversão da cegueira. Se o diabetes não estiver bem controlado, o acompanhamento com o oftalmologista deve ser anual”, observou.
É importante lembrar que o diabetes é, em grande parte, sem sintomas em sua fase inicial. Os sintomas citados como boca seca, urinar à noite, beber muita água, emagrecer sem dieta são sintomas de quando a glicose já está muito fora de controle. “A glicose normal deve ser medida em jejum e deve ser até 99. Acima de 100, é pré-diabetes e acima de 126, é diabetes”, complementou o Dr. João Eduardo Salles. Uma taxa de glicose um pouco alta não apresenta sintomas. Ainda de acordo com ele, pessoas que apresentam obesidade, principalmente abdominal, histórico familiar de diabetes e taxa de triglicérides devem procurar fazer o exame para medir os níveis de glicose. “Se descobriu o diabetes hoje, faça logo o exame de fundo de olho”, alertou.
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O triglicérides é uma gordura similar ao colesterol, presente no sangue, mas que apresenta risco maior para pessoas fora do peso, sedentárias e que se alimentam mal. Triglicérides alto pode significar ter diabetes em até cinco anos.
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Dr. Maurício Maia destacou informações importantes para a população brasileira: 8% dos cegos do Brasil são devido à retinopatia diabética. É a maior causa de cegueira na idade de trabalho.
A prevenção e o tratamento precoce são as armas contra a retinopatia diabética. Manter a doença sob controle, com exames constantes e acompanhamento multidisciplinar com médicos de diversas especialidades entre eles um médico oftalmologista, é fundamental.
Fonte: Revista Veja Bem – Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO)
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