A dor ou desconforto mamário, denominado “mastalgia” é um sintoma importante que faz com que aproximadamente 70% das mulheres consultem um médico em um período de suas vidas. Caracteriza-se por tensão e dor na mama, influenciando significativamente no cotidiano das mulheres devido à preocupação de ter câncer. Pode ocorrer por aumento da retenção de água e sal no período pré-menstrual ou por mudanças hormonais, nos níveis de estrogênio e progesterona. Quando a dor não segue o padrão menstrual, ela ocorre frequentemente em apenas um dos lados, na presença das mastites, doenças fibrocísticas ou dores extra mamárias. Os problemas de coluna, osteomusculares, na parte cartilaginosa das costelas e até mesmo na vesícula biliar e no coração, também podem provocar dores.
A caracterização da dor mamária desempenha um papel importante no diagnóstico, tratamento e acompanhamento médico. De acordo com a médica especialista e intervencionista no tratamento da dor, Dra. Patrícia Gomes, existe a “dor esperada”, mas não existe a “dor normal”. “A presença de caroço, vermelhidão, pele endurecida, áreas estufadas, feridas, coceiras, saída de líquido do bico do peito (sem apertar) de cor vermelha ou transparente, devem servir como sinais de alerta de que algo mais grave possa estar acontecendo. Por isso, toda mulher deve passar pela avaliação periódica do ginecologista”, destaca.
Mesmo que a mulher não apresente sintomas, um exame muito importante pode ser usado neste processo de triagem: a mamografia. Ela se utiliza de um raio X para detectar o câncer de mama precocemente, aumentando as chances de cura em até 95%. Para obter uma leitura precisa, a máquina de mamografia comprime os seios podendo causar desconforto. As mulheres se impressionam e se amedrontam acreditando ser um exame doloroso o que as afastam do diagnóstico. O câncer de mama em sua fase inicial dificilmente se manifesta com dor. Geralmente, quando ele provoca a dor, é porque já ocorreu invasão das estruturas adjacentes ao tumor, como pele, ossos, músculos, estruturas vasculares e nervosas, em caso de grandes lesões na mama ou metástases axilares volumosas.
“Mesmos nos casos mais graves da doença existem tratamentos para a dor. O primeiro passo a ser realizado é iniciar o mais breve possível o combate ao câncer. Não esperar, não protelar. Enquanto isso, a dor deve ser tratada com analgésicos, bloqueios minimamente invasivos, colocação de bombas implantáveis e, até mesmo, com radioterapia analgésica”, explica a especialista.
O desconforto também pode estar associado ao próprio tratamento da doença. “É muito comum que a mulher que sofreu a cirurgia de retirada de uma parte da mama, de toda a mama ou dos gânglios linfáticos axilares, evolua com algum tipo de dor. Esta dor pode ser passageira, somente no pós-operatório imediato ou pode permanecer por mais tempo. Isto acontece pela própria manipulação cirúrgica e o tratamento é feito à base de medicamentos analgésicos específicos, adesivos de anestésicos, infiltrações, fisioterapia e acupuntura”, ressalta Patrícia.
Outras formas de tratamento atuam como adjuvantes para amenizar a dor. “O tratamento também inclui o acompanhamento psicológico, capaz de tratar a dor da alma, aquela dor que a mulher sente pela não aceitação da sua doença, pelos conflitos com a sua imagem atual, pelos medos a respeito do futuro. Seja qual for o diagnóstico, é importante que a mulher respeite o seu corpo, agindo de forma ativa, adquirindo hábitos de vida saudável, como boa alimentação, fisioterapia, terapia ocupacional e atividade física. Além disso, é importante que procure um especialista, que possa aliviar a sua dor e o seu sofrimento”, recomenda a intervencionista
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